Donativos Bazar 2022 – testemunho
A Associação os Gambozinos foi uma das beneficiadas com os fundos do Bazar 2022. A sua diretora de comunicação, Francisca Granjeia, deixa-nos aqui o testemunho da utilização dos fundos recebidos em acampamentos que se pretendem momentos de inclusão de jovens oriundos de meios menos favorecidos.
Quando ouvimos falar de gambozinos a imaginação remete-nos à clássica e mística “caça ao gambozino” nas noites mais escuras. Ora, os Gambozinos de que vos venho falar não são esses que fazem parte do nosso imaginário infantil. Bem pelo contrário, apesar de os termos de procurar, existem mesmo e estão espalhados por todo o país, por todas as faixas etárias e, até, por todas as realidades sociais e económicas.
Os Gambozinos são, assim, uma associação sem fins lucrativos com mais de 25 anos e que tem como objetivo criar pontes em todo o país entre crianças e jovens de meios opostos, desde os 9 aos 17 anos. A nossa missão é fomentar a coesão social entre crianças de meios socioeconómicos e culturais diferentes, com enfoque nas regiões de Braga-Porto, Peniche-Lisboa e Pragal-Lisboa. Trabalhar a diferença social para que esta se torne riqueza e não motivo de exclusão é o nosso sonho. Para que isso seja possível a formação pessoal e social das crianças é assegurada por um grupo de jovens voluntários que, tal como eu, acreditam e dão o seu tempo a este projeto, promovendo, ao longo de todo o ano atividades pedagógicas, criativas e lúdicas (visitas às famílias, explicações, campos de férias, fins de semana formativos e criativos, etc.).
O “sonho” dos Gambozinos é, desta forma, através do desenvolvimento humano e social, unir jovens e famílias de meios económicos e culturais diferentes. Este “sonho” é construído em grande parte nos campos de férias de verão, onde culmina todo o trabalho de acompanhamento feito ao longo do ano! Durante o verão que passou realizámos 5 campos de férias, com crianças dos 9 aos 17 anos. Este ano foi ainda mais especial, pois os dois campos com crianças entre os 15 e os 17 anos (Gambozinos III e Campo de Serviço) tiveram a oportunidade de ir à JMJ´23 e viver essa experiência tão diferente.
Este ano, tive a graça de ser mamã do Campo de Serviço e, por isso, sentir em primeira mão o privilégio que foi a partilha de culturas, experiencias e fé, sem perder a essência de ser gambozino. Foram 7 dias de grandes emoções e em que não só os nossos gambozinos, como também nós, animadores, percebemos a dimensão da igreja mundial. Demos-lhes a oportunidade de terem mais mundo e de sentirem uma igreja que não se limitava a quatro grandes paredes de pedra, mas que se estendiam por culturas, cores e carismas diferentes, ganhando alma e vida. O meu campo foi uma verdadeira peregrinação, em que crescemos todos com as exigentes experiências que fomos tendo ao longo dos dias, desde adversidades diversas com deslocações numa Lisboa tão cheia, à forma de tornar um campo, que é habitualmente estanque, em algo volante, e em que se sentiu a alegria de ser gambozino numa igreja muito maior que nós. Não podia estar mais agradecida por ter estado neste campo e ter visto a vontade com que os nossos miúdos agarraram a oportunidade que lhes estava a ser dada. A cada caminhada, autocarro, comboio ou até mesmo barco, estes miúdos foram capazes de criar pontes e de mostrar a força dos Gambozinos!
Para a nossa associação, levar estes 65 gambozinos à JMJ´23 foi um grande desafio financeiro e, particularmente este ano, a ajuda que a Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses nos deu teve um impacto muito significativo. Só com esta ajuda conseguimos concretizar mais um sonho que fica para a história: os Gambozinos foram à JMJ´23!
O sonho de criar pontes desde o Pragal até Braga, com esta ajuda financeira, estendeu-se pelas pessoas de outros países que ocupavam as ruas de Lisboa. Sonhámos tudo isto durante mais de 1 ano e meio, sem imaginar o impacto que teria nas nossas vidas e, por isso, é mesmo bom olhar para trás e reconhecer que, com a ajuda de todos os que acreditam na nossa missão, conseguimos!
Como o Santo Padre dizia a Igreja é para “Todos, Todos, Todos” e que bom que foi poder levar “Todos, Todos, Todos” os gambozinos a estes campos, algo que não seria possível senão estivéssemos tão apoiados por aqueles que nos acompanham ao longo do ano e que continuam a acreditar na nossa missão!
Obrigada por tudo,
Francisca Granjeia
AFDP 