O Departamento de Investigação e Pesquisa da EUFASA (ERD) apresentou os resultados do inquérito realizado entre outubro e novembro de 2024 para medir as taxas de emprego e desemprego entre os cônjuges/unidos de facto diplomáticos. Foram 1.678, os cônjuges que responderam ao inquérito. Entre estes, 66% eram mulheres e 36% nasceram noutro país que não o do diplomata (FBS).
Alguns dados do inquérito:
– Educação de nível superior / baixa taxa de empregabilidade: mais de 90% possuem diploma universitário, mas só 48% declararam ter um emprego remunerado (55% entre os cônjuges homens e 45% entre as mulheres). Isto é, praticamente 1 em cada 2 cônjuges diplomáticos está fora do mercado de trabalho.
– Emprego precário / Subemprego: dos que têm emprego, quase 50% sentem-se sub-empregados e 25% têm contratos a termo ou trabalham sem contrato. Ainda mais preocupante, 40% recebem “salário” que não é passível de descontos para efeitos de reforma.
– Mais de metade (53%) relatou que trabalha remotamente.
Principais desafios:
– Carreiras interrompidas: A alta mobilidade internacional interrompe carreiras, com muitos cônjuges a serem incapazes de encontrar empregos estáveis e gratificantes.
– Dependência Económica: Uma grande parte dos cônjuges depende do rendimento do cônjuge-diplomata, deixando-os sem independência financeira ou acesso outros rendimentos.
– Fuga de Cérebros: Os altos níveis de educação sinalizam um potencial significativo inexplorado. Ter indivíduos altamente qualificados subempregados, equivale a uma fuga de cérebros.
– Insatisfação: Não ter emprego ou ter um emprego precário resulta em alta insatisfação. A falta de trabalho estável afeta a saúde mental do cônjuge e o bem-estar da família.
– Apoio Insuficiente: Os cônjuges expressam uma forte necessidade de mais apoio ao emprego por parte dos ministérios dos negócios estrangeiros.
Relativamente a Portugal, tivemos apenas 41 respostas (33 mulheres e 8 homens) e 12 são de FBS. As respostas mostram que 32% dos cônjuges estão a trabalhar e destes, 15% são trabalhadores por conta própria. Dos que estão a trabalhar por conta de outrem, apenas 24% têm contrato a tempo indeterminado e 12% têm um contrato a termo. 93% têm diploma universitário (10% possuem Doutoramento). Contrariamente aos resultados gerais do inquérito, 70% dos cônjuges portugueses que trabalham estão em posto, contra 23% que estão em Lisboa. 26% diz trabalhar remotamente.
Conclusão: Os cônjuges diplomáticos enfrentam desafios únicos que requerem atenção e ação imediata. É necessário priorizar e apoiar o seu crescimento profissional, independência financeira e a estabilidade das carreiras.
