A convite da Câmara Municipal de Porto de Mós, visitámos aquela vila do interior Oeste no passado sábado dia 28, numa atividade que se destinou às nossas famílias diplomáticas. Visitámos o novo museu, a Central das Artes, que acolhe uma exposição conjunta de Luís Amado (escultura) e Marta de Castro (pintura). Tivemos o privilégio de ter os artistas como guias dos seus trabalhos. Após o almoço, também oferecido pelo município, visitámos o magnífico Castelo de Porto de Mós, um dos poucos exemplares de castelo-palácio do nosso país.
A Arlinda Frota deixou-nos aqui as suas impressões sobre este dia muito bem passado:
Numa organização conjunta da AFDP e da Câmara Municipal de Porto de Mós, partimos pelas 9:00 da manhã, no sábado 28 de janeiro, de Belém. Éramos cerca de quatro dezenas de pessoas, entre senhoras, cavalheiros e crianças. Na sua maioria os participantes eram estrangeiros, além dos cônjuges, juntaram-se também Embaixadores estrangeiros acreditados em Portugal, tais como os de Malta, México, Sérvia, Timor Leste e suas famílias, embaixadores de Portugal em serviço neste momento na Secretaria de Estado e jubilados, bem como seus familiares, e colegas da AFDP.
Foi-nos oferecido, pela Câmara Municipal de Porto de Mós, um confortável e moderno autocarro, guiado por diligente e atencioso motorista.
Chegámos à Central das Artes de Porto de Mós um pouco antes das 11:00 e fomos acolhidos pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal e vereador da Cultura, Eduardo Amaral, e pela Diretora do museu, tendo sido reconfortados de imediato com a hospitalidade acolhedora dos anfitriões, que incluiu um saboroso café e deliciosos biscoitos caseiros, além de recordações do município.
As visitas previstas no programa começaram pouco depois, tendo o grupo sido primeiramente conduzido ao espaço museológico do Centro, onde nos embrenhámos no conhecimento das minas de carvão da região e onde pudemos também apreciar ao vivo o primeiro automóvel desenvolvido em Portugal – em Porto de Mós exactamente, pelo IPA, o Instituto de Produção Automóvel, mas que infelizmente não teve sequência em termos de produçäo industrial. Pudemos apreciar de seguida a belíssima exposição de trajes de danças populares regionais, coleção fantástica pela diversidade de côr e modelos, para adultos e crianças.
No piso superior fomos depois guiados para duas exposições dispostas em duas amplas salas, a primeira das quais com luminosidade que fazia brilhar as esculturas em pedra de Luís Amado.
O artista, anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, fez-nos percorrer, através das belíssimas peças expostas, a sua excepcional sensibilidade no trabalho artístico da pedra, por mais de 30 anos. A visita guiada pelas suas esculturas mostrou-nos de forma impressiva como a sensibilidade do artista define os contornos e a beleza a dar a cada obra, embelezando-a por vezes com acessórios que a enriquecem. Foi uma viagem estimulante ao mundo e ao percurso do artista.
Na sala ao lado, apreciámos as pinturas a óleo de Marta de Castro, compreendendo trabalhos de 2014 à atualidade. Ao apreciar os seus quadros, tive a sensação de que o seu pincel esvoaçava pelo algodão retangular do suporte que utiliza, em velaturas sucessivas sobrepostas, até à finalização das cores e do pormenor que a definem como artista. Marta Castro pinta há mais de 40 anos e a luz que transporta para os seus quadros é sinónima da beleza intemporal da Ilha da Madeira que a viu nascer e crescer. O movimento e a fluidez do seu traço transportam-nos para uma sensualidade que é a génese da sua pintura. Escasseou o tempo em que fomos guiados pela artista, tão embrenhados ficámos pela sua explicação detalhada das várias dezenas de obras expostas.
Foi-nos depois oferecido um almoço muito agradável e variado, numa sala ampla e arejada, presenteados pela excelente culinária de um bom Chefe da região, no restaurante Dom Abade. E voltámos ao passeio já passadas as 14:30.
Foi então tempo de visita ao Castelo apalaçado de Porto de Mós, cujo último proprietário foi o Conde de Ourém, um diplomata português.
Este Castelo também chamado por Castelo de D. Fuas Roupinho, personagem que os séculos eternizaram como o primeiro alcaide da Vila nos primeiros anos de ocupação cristã, localiza-se sobre uma colina, dominando a povoação, uma Vila de 25.000 habitantes. É uma obra arquitetónica de características singulares, tendo acumulado influências militares, góticas e renascentistas. A sua planta outrora pentagonal, resume-se hoje a quatro torres, uma das quais chamada de Rainha Sta Isabel, porque oferecida por El-Rei D.Diniz a sua esposa.
As lindíssimas torres piramidais na fachada principal são cobertas por peças cerâmicas verdes, côr atribuída a D. Afonso IV – Conde de Ourém que associou à reconstrução do monumento, pormenores decorativos inspirados no renascimento italiano emergente e que conferem a esta fortaleza o aspeto apalaçado que apreciámos. É monumento nacional desde 1910 e terminada a sua reconstrução em 1960, com melhoramentos suplementares já nos anos 90 e outros mais recentes, promovendo o edifício à receção de eventos culturais múltiplos como exposições, concertos, peças de teatro, conferências e outros.
E chegou entretanto a hora da partida para Lisboa, já passava das 16:30!
Tristes por ter de regressar, mas de alma cheia, o espírito leve, a consciência de um dia maravilhosamente passado e em boa companhia, num local onde respirar o ar puro da Estremadura nos fez ganhar novas energias!
Bem hajam os organizadores! E obrigada a todos pela excelente camaradagem!

